Mensagem do Diretor

Assinalamos a abertura de mais um ano letivo com a apresentação da nova equipa de gestão que iniciou funções oficiais no dia 1 de setembro de 2019.

Apresentação breve e sucinta,

José Neto e Paulo Gonçalves, docentes que eram e que agora são dirigentes superiores de 2.º grau, como subdiretores, com experiência de e em Timor e, Acacio de Brito, inspetor da Inspeção Geral da Educação e Ciência, desde 2015, diretor da EPD e dirigente superior de 1.º grau, como presidente da CAP.

No iniciar desta nova missão de serviço queremos também recordar todos os que nos antecederam nestas funções.

A cada um se deve um pouco, muito do que é hoje a Escola Portuguesa de Díli.

Estas rotinas também são parte da identidade da nossa Escola e encerram em si o desafio da continuidade na ambição de construir uma comunidade educativa de qualidade a que todos se orgulhem de pertencer.

De modo preambular um sentido bem-vindo a todos, aos que regressam à nossa Escola e a muitos outros que iniciam nesta hora funções em Timor-Leste.

Para os mais desatentos, para os que ao olhar para o universo apenas veem o seu dedo polegar, em vez da lua ou, mesmo a vastidão infinita do universo, a rotação de professores com a especificidade das escolas portuguesas no estrangeiro mantem-se no mesmo diapasão.

Deste modo, a lista de pessoal docente da EPD sofre, todos os anos, algumas alterações decorrentes do normal funcionamento da escola e de fatores que caracterizam e condicionam a continuidade de funções dos docentes, num espaço e num tempo onde se conjugam inúmeros fatores específicos, tais como, entre outros, motivos de saúde, a distância a Portugal, adaptação a uma realidade e a uma sociedade local totalmente diferente, características físicas muitas vezes severas do ponto de vista de conforto climático, nível de vida elevado e nomeações para outras funções em território timorense. Mesmo assim e apesar destes motivos e outros, o turnover é, genericamente, baixo.

Neste quadro, temos procurado, de forma sustentável, ajustar a contratação local ao espírito e à letra da lei, no âmbito das boas práticas de gestão pública. É nesse sentido que verificamos uma muito maior percentagem de contratações locais do total do corpo docente, 27% no ano letivo 2018/2019, em relação a um passado próximo, em que essa percentagem se situava em valores próximos dos 3%.

No que se refere concretamente à taxa de docentes que não permaneceram na EPD no final do ano letivo de 2017/18 e 2018/19 em relação ao ano letivo anterior, observamos os seguintes dados:

    Taxa de “Não continuidade”
  Docentes contratados   Docentes em mobilidade estatutária
Ano letivo 2017/18 23% (4 docentes) 21%(9 docentes)
Ano letivo 2018/19 19% (4 docentes) 17% (7 docentes)

Considerando que a EPD-CELP, tal como todas as outras escolas portuguesas no estrangeiro, não têm quadro próprio de docentes, as dificuldades e a carência de professores em determinados grupos de recrutamento, varia de ano para ano escolar. Salienta-se ainda a enorme dificuldade de recrutamento local de docentes, face à inexistência de oferta com a qualidade (e de reconhecimento habilitacional) que se exige na EPD.

Quanto ao corpo discente,

Esta comunidade educativa é constituída maioritariamente por timorenses, com cerca de 270 crianças a frequentar a EPE e 850 alunos que frequentam desde o 1.º ano ao 12.º ano.

Crianças/Alunos
Educação Pré-Escolar 270
1º CEB 397
2º CEB 157
3º CEB 162
Ensino Secundário 129
Total  1115

Deste modo posso com responsabilidade e orgulho prestar contas em nome do que de melhor os nossos profissionais têm feito.

Os nossos candidatos ao ensino superior, todos obtiveram colocação. Passo a referir os candidatos com enunciação dos nomes…

Hoje para memória futura iremos descerrar uma placa com o nome dos alunos que são merecedores do Prémio de Mérito.

Os educadores, os professores, os funcionários, os pais centrados no que verdadeiramente conta, os nossos alunos!

Com arte e engenho, aumentamos a nossa capacitação no acolhimento de novos alunos, designadamente, ao nível das crianças do Pré-escolar e do 1.º CEB, com a inauguração, hoje de um novo espaço para a Educação Pré-escolar.

O lançamento da nossa revista Tempo, a edição de livros feitos pelos nossos alunos, sempre orientados pelos docentes é motivo de regozijo e partilha com toda a comunidade educativa.

No início deste ano letivo, na senda dos anteriores, este processo requer a conjugação de vontades e esforços no sentido de continuar a dotar a Escola Portuguesa de Díli de uma maior capacidade de resposta aos problemas que se nos colocam e procurar uma melhor integração dos nossos alunos no meio em que se movimentam, perspetivando o sucesso desejado.

Assim além da continuação de uma nova saída para os nossos alunos do Secundário, o Curso Profissional de Técnico de Turismo que habilitará os nossos alunos com uma formação académica e uma competência profissional em área estratégica de desenvolvimento pessoal, damos, também, continuidade à preparação propedêutica dirigido a crianças com 7 anos de idade, o ano zero, que assim de melhor forma passam a dominar a língua portuguesa.

O Centro de Formação de Professores, acreditado academicamente e único em Timor-Leste tem respondido às necessidades dos professores da nossa Escola.

Como já sempre afirmado, é a esta comunidade educativa, empenhada e promotora – num clima afável e colaborativo – de valor acrescentado para Díli e Timor-Leste, porque sustentada em relações profissionais e laços de solidariedade entre todos os atores educativos, que se renova o desafio de assumir a responsabilidade de exigir e construir para a Escola Portuguesa de Díli um ensino de qualidade.

 E continuar a dar cumprimento de uma obrigação basilar,

  • Manter a Escola Portuguesa de Díli um espaço de referência da língua e da cultura portuguesas, exigente nos propósitos, qualificante e qualificadora dos recursos humanos.
  • Se o desiderato primeiro, a promoção e difusão da língua e da cultura portuguesas, bem como dos laços linguísticos e culturais entre Portugal e Timor-Leste, a contribuição para a promoção socioeducativa dos recursos humanos proporcionando uma formação de base cultural portuguesa, deve constituir um objetivo estratégico.
  • Com orgulho, o lançamento do novo manual de História e Geografia de Timor-Leste do Estudo do Meio do 1.º CEB é meta que cumprimos, dando verdadeiro sentido à missão que todos e cada um de nós se comprometeu.

Neste propósito,

Cada vez mais se convence e nos convence que um desenvolvimento sustentável de Timor será possível e desejável numa articulação íntima com a cultura.

Numa linha filosófica defendida por Albert Camus que com uma seriedade lúcida procurou iluminar os problemas da consciência humana no nosso tempo e de modo destemido anunciava que “sem liberdade nada pode existir” e liberdade, sedimenta-se com mais e melhor educação.

Mas consideramos este aspeto, a educação não numa dimensão abstrata, mas com seres humanos concretos.

E uma das especificidades substantiva das Escola Portuguesas no Estrangeiro, em particular esta nossa em Timor-Leste, é a sua natureza cosmopolita.

Ainda com Camus, não há cosmopolitismo sem raízes, não existe ética cosmopolita sem pátria. Um cosmopolita é um bom anfitrião, tratando bem aqueles que vêm a nossa casa.

Só podemos ser cosmopolitas se mantivermos estima e consideração pela nossa casa, segundo Pessoa “Minha Pátria é a Língua Portuguesa”, nós plasmamos a nossa casa comum é a língua, com nuances e linguarejares diferenciados, mas sempre Língua Portuguesa.

Este é um dos sentidos possíveis da construção de um caminho que se faz caminhando.

Por veredas, com escolhos, mas com determinação de quem tem da Escola uma ideia de partilha, de lugar de saberes de ponto de partida para um mundo globalizado.

Escola multidisciplinar, inclusiva e determinante num futuro que não renegando o passado se constrói neste presente tão incerto.

Escola onde,

  • As aprendizagens são significativas e substantivas.
  • Onde aprender não é apenas um acumular de conhecimentos aos quais não se sabe dar uso, mas sim onde se pode dar sentido e aplicar tudo aquilo que se aprendeu.
  • Onde existe prazer em aprender não só de forma orientada, como também autonomamente.

Porque procuramos compreender o meio envolvente e os anseios e expectativas dos jovens e das suas famílias, esta comunidade educativa organiza a sua oferta educativa, contextualizada e personalizada.

Com sentido. Espera-se agora que seja geradora de intervenções educativas adequadas, indutoras de um processo formativo de melhor qualidade!

Mas, porque queremos celebrar este início, também, prestando contas e porque não são só apenas os resultados académicos, per se, que nos importam, com orgulho e com agradecimento aos Pais e EE no acompanhamento das suas crianças, filhas e filhos procederemos ao descerramento de uma placa alusiva aos alunos premiados com o “Prémio de Mérito”, exigiram trabalho, perseverança e dedicação.

Não escondemos as dificuldades, obrigando-nos a continuar a desenvolver um planeamento estratégico, com vista à melhoria do desempenho dos alunos, que continuará a decorrer da prévia definição de áreas prioritárias de intervenção, as quais estão identificadas.

Com o empenho, disponibilidade, entrega e aposta na qualidade de todos, vamos continuar a rever-nos, com orgulho, na Escola Portuguesa de Díli que todos ajudamos a construir.

Díli, 9 de setembro de 2019